Pedro Zapeta:

O plano deu certo até que em setembro de 2005, confiante de que os US$ 59 mil, honesta e duramente ganhos e poupados, eram suficientes para realizar seus objetivos, colocou os maços de cédulas em uma mala de mão, juntou os outros poucos pertences em alguma surrada mala de segunda mão e dirigiu-se ao Aeroporto Internacional de Fort Lauderdale.
O pesadelo de Pedro, que não domina o idioma inglês e que nunca tinha viajado de avião, começou quando ao passar pela segurança do aeroporto foi indagado o que continha sua bagagem de mão. Sem nenhuma malícia, respondeu: "É dinheiro". Questionado pelos agentes sobre o valor total transportado, inocentemente declarou o montante verdadeiro e ante a não apresentação do formulário oficial do Internal Revenue Service (Receita Federal) dos EUA, relativo a entrada ou saída de divisas superiores a US$ 10 mil, foi detido pelos comissários alfandegários, que também confiscaram todo o dinheiro, imaginando inicialmente que Zapeta fosse um mensageiro de algum cartel de drogas e envolvido em esquema de lavagem de dinheiro.
Desfeita a suspeita, mediante a apresentação de todos os recibos dos pagamentos recebidos de seus ex-patrões, ele foi liberado, mas o dinheiro não. Por isso, o drama e a luta de Pedro não terminaram alí e já se extende por dois anos, pois apesar de contar com a assistência gratuita de dois advogados que se revezam nos tribunais, um deles tentando evitar sua deportação sumária, e o outro buscando a devolução de seu dinheiro pelo governo americano, é remota a probabilidade de que os resultados venham a lhe ser favoráveis.
A história ganhou destaque na imprensa americana na última quinta-feira, 27 de setembro, quando o juiz distrital James Cohn fez uma proposta final no início dessa semana, oferecendo a devolução de US$ 10 mil, ficando o restante retido a título de impostos e multas, e desde que Zapeta concordasse em não se manifestar publicamente e deixasse imediatamente o país.
A resposta de Pedro foi enfática: "Não"..."Quero todo meu dinheiro...Eu o ganhei honestamente".
Segundo Marisol Zequeira, uma advogada da área de imigração, Zapeta tem poucas chances em sua luta contra o governo americano: "Quando alguém é pobre, sem instrução e está ilegalmente em um país, as opções são muito poucas".