sábado, 29 de setembro de 2007

Crime E Castigo De Pedro Zapeta

Por 11 anos, Pedro Zapeta, um imigrante ilegal da Guatemala, hoje com 39 anos, viveu sua versão do sonho americano em Stuart, FL, lavando pratos em diversos restaurantes onde recebia US$ 5,50 por hora e levando uma vida frugal cujas despesas praticamente se resumiam aos gastos com alimentação de sobrevivência e de moradia em algum cortiço, desprovido de qualquer conforto e compartilhada com outros tantos esquecidos e marginalizados pela sociedade americana, com o único objetivo de economizar cada centavo ganho e um dia poder voltar a sua terra natal e lá comprar algumas terras, construir uma casa e dedicar-se a agricultura junto com a mãe e irmãs.

Pedro Zapeta:


O plano deu certo até que em setembro de 2005, confiante de que os US$ 59 mil, honesta e duramente ganhos e poupados, eram suficientes para realizar seus objetivos, colocou os maços de cédulas em uma mala de mão, juntou os outros poucos pertences em alguma surrada mala de segunda mão e dirigiu-se ao Aeroporto Internacional de Fort Lauderdale.

O pesadelo de Pedro, que não domina o idioma inglês e que nunca tinha viajado de avião, começou quando ao passar pela segurança do aeroporto foi indagado o que continha sua bagagem de mão. Sem nenhuma malícia, respondeu: "É dinheiro". Questionado pelos agentes sobre o valor total transportado, inocentemente declarou o montante verdadeiro e ante a não apresentação do formulário oficial do Internal Revenue Service (Receita Federal) dos EUA, relativo a entrada ou saída de divisas superiores a US$ 10 mil, foi detido pelos comissários alfandegários, que também confiscaram todo o dinheiro, imaginando inicialmente que Zapeta fosse um mensageiro de algum cartel de drogas e envolvido em esquema de lavagem de dinheiro.

Desfeita a suspeita, mediante a apresentação de todos os recibos dos pagamentos recebidos de seus ex-patrões, ele foi liberado, mas o dinheiro não. Por isso, o drama e a luta de Pedro não terminaram alí e já se extende por dois anos, pois apesar de contar com a assistência gratuita de dois advogados que se revezam nos tribunais, um deles tentando evitar sua deportação sumária, e o outro buscando a devolução de seu dinheiro pelo governo americano, é remota a probabilidade de que os resultados venham a lhe ser favoráveis.

A história ganhou destaque na imprensa americana na última quinta-feira, 27 de setembro, quando o juiz distrital James Cohn fez uma proposta final no início dessa semana, oferecendo a devolução de US$ 10 mil, ficando o restante retido a título de impostos e multas, e desde que Zapeta concordasse em não se manifestar publicamente e deixasse imediatamente o país.

A resposta de Pedro foi enfática: "Não"..."Quero todo meu dinheiro...Eu o ganhei honestamente".

Segundo Marisol Zequeira, uma advogada da área de imigração, Zapeta tem poucas chances em sua luta contra o governo americano: "Quando alguém é pobre, sem instrução e está ilegalmente em um país, as opções são muito poucas".

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