terça-feira, 1 de maio de 2007

Considerações Sobre O Papel Higiênico

Há poucos dias atrás a cantora Sheryl Crow, 43, que continua firme em sua campanha em defesa do meio ambiente e das medidas contra o aquecimento global, causou polêmica ao declarar em entrevista e postar no blog de seu site oficial, uma sugestão ao povo norte-americano, na qual pediu que em condições normais, seus concidadãos reduzam o consumo de papel higiênico em cada visita ao banheiro. "...Uma das minhas (idéias) favoritas está voltada para a conservação das árvores, das quais muito dependemos para liberação de oxigênio. Eu proponho uma limitação na quantidade de folhas de papel higiênico que sejam usadas em cada ida ao toalete. Não quero roubar os direitos de nenhum americano respeitador da lei, mas penso que somos um povo esforçado o suficiente para conseguir utilizar apenas uma folha de papel por visita ao banheiro, exceto, é claro, naquelas ocasiões mais complicadas onde duas ou três poderiam ser usadas..." (sic), afirmou Sheryl.

Obviamente tal declaração gerou um sem número de opiniões, debates e piadas entre os americanos. O apresentador Jay Leno, em seu programa de variedades "The Tonight Show" da rede NBC, já avisou que se essa idéia for adotada, não irá apertar a mão de mais ninguém.

Mas afinal qual a origem dessa invenção que revolucionou os hábitos de higiene de grande parte da humanidade?
Consta que a invenção se deve aos chineses, lá pelos idos do século VI DC, embora outras fontes indiquem como sendo atribuída a Joseph Gayetty, um americano de New York, em 1857. Mas independentemente a quem caiba o mérito do invento, muito tempo se passou até que seu uso fosse difundido e aceito em outras partes do mundo civilizado.

Antes que isso ocorresse, era comum na limpeza após a satisfação das necessidades fisiológicas, o uso de folhas de árvores, grama, água, areia, sabugos de milho e até hastes de madeira. Posteriormente quando o papel já era usado para impressão, mas não ainda totalmente disseminado para o uso higiênico, as pessoas recorriam as páginas de jornais, e impressos em geral. Pelo menos não encontrei nenhuma referência a utilização de papel-moeda para esse fim.

Hoje em dia, em países como a India e os de cultura árabe, onde, excetuando os hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos cuja clientela é em parte de origem ocidental, é possível encontrá-lo a disposição. No entanto, a maior parte das populações desses países utiliza a água em suas abluções. Para tanto, via de regra encontram-se junto aos vasos sanitários das residências e de locais públicos, as singelas canecas para que são usadas para verter a água, que, com auxílio sempre da mão esquerda, é usada para efetuar a higiene. A mão direita é reservada para atividades mais nobres como a alimentação e virar as páginas dos seus livros sagrados. Talvez os canhotos se sintam um pouco confusos.

Alguns historiadores consideram esse costume oriental como sendo a origem do hábito social do aperto de mão, usado no ocidente, ser feito sempre com a mão direita. Tradicionalmente a esquerda era a mão suja.

No mundo ocidental moderno, a invenção ao longo do tempo sofreu várias modificações desde seu formato original e ainda encontrado na modalidade de folhas soltas e empilhadas em blocos, até a forma moderna e mais comum de rolos, sem esquecer a variedade de cores, estampas, perfumes e até os vitaminados. Sinceramente não vejo muita utilidade em colocar vitaminas em papel higiênico, mas os fabricantes ao verificarem os resultados de vendas, possivelmente sim. Talvez uma parcela da população se sinta mais saudável ao ter seus ânus vitaminados diariamente.

Segundo a Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP), o Brasil possui um mercado estimado em 600 mil ton/ano para o segmento de papel sanitário e apresentou crescimento modesto nos últimos dois anos, refletindo o magro desempenho do PIB nacional. A nível mundial, o aumento do consumo de papel higiênico se deve principalmente ao aumento do poder aquisitivo das populações, aos investimentos governamentais em saneamento básico e a educação, que se reflete também em relação aos hábitos de higiene.

Por outro lado, se a matéria-prima para fabricação de todo papel, inclusive ao destinado a higiene íntima pessoal, provém da celusose da madeira, extraída de áreas nem sempre reflorestadas, é bem possível que essa prática civilizada e inocente esteja também contribuindo para o tão discutido aquecimento global.

Aliás, um amigo médico ginecologista sempre se refere a essa invenção, como o "papel anti-higiênico". Segundo ele, e não lhe tiro a razão, o papel ao invés de limpar, espalha.

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