As reportagens divulgadas com destaque pela mídia brasileira sobre a suposta agressão a uma brasileira, cometida por três homens hipoteticamente pertencentes a um grupo de tendências neonazistas (skinheads) suiços, começam a despertar suspeitas em relação ao episódio, após a divulgação dos resultados das investigações da polícia e dos exames realizados pelos órgãos de medicina forense da Suíça.
De início, na exaltação dos primeiros momentos após a divulgação das notícias e imagens, a maioria dos brasileiros que por natureza é avessa a qualquer prática xenófoba, incluindo jornalistas, especialistas em generalidades, membros da CNBB e do ministério das relações exteriores e até o presidente da república, manifestaram suas acaloradas opiniões de repúdio ao episódio, clamando por explicações e cobrando medidas punitivas rigorosas por parte das autoridades daquele país.
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Dias depois, após a publicação dos resultados dos exames clínicos e de medicina legal realizados na Suíça, pairam dúvidas em relação ao que na verdade aconteceu na noite do dia 09 de fevereiro, na estação de trem de Dubendorf, uma pequena cidade próxima a Zurique.
As fotos publicadas mostram as sequelas resultantes de ferimentos superficiais na epiderme da barriga e pernas, provocados por algum instrumento cortante.
No entanto, nenhuma outra imagem é mostrada revelando indícios de hematomas ou manchas no rosto, tórax, abdome, braços e pernas, tão comuns e frequentes em qualquer ataque físico cometido por um grupo de homens jovens contra uma mulher indefesa, que teria sem dúvida lutado e se debatido com todas suas forças contra os agressores ao ser arrastada a força para um terreno baldio, procurando se defender ao perceber que iria ser molestada fisica ou sexualmente, ou que poderia até mesmo ser morta.
O suposto aborto provocado também em consequência da agressão, da mesma forma foi descartado pelos exames forenses, embora o pai da vítima que desde os primeiros momentos garantisse que ela estava grávida e que tinha documentos que poderiam comprovar a gravidez, hoje apesar de continuar mantendo a afirmação, declarou que não se lembra onde estão os laudos médicos que comprovem a gestação, assim como não explicou como uma gravidez de gêmeos foi detectada sem a existência de ultrasonografia abdominal ou de exames clínicos e laboratoriais.
Diante da evolução das notícias, nota-se uma cautelosa retração dos comentários da mídia e das autoridades brasileiras em relação a esse episódio, no mínimo suspeito, e se existe algum fato obscuro e desconhecido por trás dessa história mal explicada, e que a bem da verdade, todos nós esperamos que venha a ser logo elucidada pela austera polícia suiça.
Follow up em 17/02/09:
Segundo notícia divulgada pela revista Época na edição nº 561 de 16/02/2009 em http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI26956-15227,00-PAULA+ENVIOU+A+AMIGOS+ULTRASSOM+FALSO+DIZ+COLEGA.html , Paula Oliveira teria avisado aos colegas e amigos por e-mail a suposta gravidez de gêmeos, anexando inclusive uma imagem de ultrasom abdominal para "comprovar" o fato.
O anexo do e-mail - "Twins 6 wks” ("Gêmeos 6 semanas"):
No entanto, uma colega de trabalho desconfiou da notícia, uma vez que Paula já era conhecida pelos funcionários na empresa Maersk, pelo fato de inventar histórias para chamar a atenção e por isso, ao fazer uma busca no Google Images, encontrou a mesma foto e que está disponível no site www.about.com (http://pregnancy.about.com/cs/ultrasounds/l/bluspic1aaaaae.htm).
A imagem encontrada no Google:
A mesma colega de trabalho, declarou ainda que Paula anteriormente havia afirmado que seu ex-marido havia morrido no acidente com o avião da TAM em Congonhas, em julho de 2007, acrescentando: “Quando ocorreu o acidente da TAM, recebi alguns e-mails das pessoas lamentando a morte do marido dela, que estaria no avião. Mas na lista de mortos no acidente não tem nenhum François”, explicou. “Foi aí que todos passaram a desconfiar do que ela falava”.
No dia 13 de fevereiro, a polícia suiça apresentou o laudo médico, onde constaria que a moça não estava grávida, e que a alegada hemorragia não passava de uma simples menstruação, o que reforçaria a hipótese de que ela teria produzido os cortes superficiais em sua barriga e pernas.
No último fim de semana, o pai de Paula, Paulo Oliveira, declarou que não tinha como comprovar a gravidez da filha, acrescentando: "Em qualquer circunstância, minha filha é vítima. Ou ela é vítima de graves distúrbios psicológicos, ou vítima da agressão que desde o início ela sustenta e eu não tenho motivos ainda para duvidar".
Follow-up em 22/03/09:
Segundo notícias divulgadas pela mídia em 22/03/09 , Paula Oliveira está afastada do trabalho na empresa dinamarquesa A.P.Moller-Maersk e está respondendo a processo na justiça suíça, por ter denunciado um suposto ataque contra ela por um grupo neonazista no dia 9 de fevereiro, na estação de trem de Stettbach, em Dübendorf, cidade vizinha a Zurique, fato posteriormente desmentido pela polícia e autoridades forenses daquele país. O misterioso namorado suíço Marco Trepp sumiu de circulação há algumas semanas.
No dia 18 de fevereiro, a revista Die Weltwoche publicou uma reportagem revelando detalhes sobre o depoimento da brasileira à polícia de Zurique. Segundo a publicação, Paula teria confessado a farsa e admitido que se automutilou com um instrumento cortante que levava em sua bolsa. Existe suspeita que ela queria obter uma indenização estimada entre 50 mil e 100 mil euros da Opfer Hilfe, agência suíça de apoio às vítimas de crimes contra a pessoa.
Segundo o site http://www.opferhilfe-sg.ch/ :
"...Compensation / Satisfaction
The Advisory Offices for Aid to Victims in St.Gallen, Appenzell AI and AR are available to persons affected by acts of violence, their members of family and resource persons as well as professionals...
...Persons who have suffered prejudice as a result of a criminal action and can credibly show that they receive no or insufficient benefits from third parties (perpetrator, insurance schemes etc.) may apply for compensation and/ or satisfaction...
...The relevant application must be made to the appropriate cantonal authority within two years of the criminal act in the canton in which that act was committed, failing which the entitlement to claim is time-barred..."
"Compensação / Satisfação:
...Os centros de asesoramiento de ajuda para vítimas de St.Gallen, Appenzell AI e AR estão a disposição das pessoas afetadas por atos violentos...
...As pessoas que sofreram danos físiscos motivados por delito penal e que podem comprovar que não receberam nenhuma ou insuficiente indenização de terceiros (autor, autora, companhias de seguros, etc.), podem solicitar uma indenização por danos pessoais...
A solicitação deve ser apresentada no prazo de até dois anos após o delito, a autoridade cantonal competente onde ocorreu o crime, após o que o direito a reclamação estará prescrito...
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